A marcha não é sobre sexo. É sobre violência.
Neste domingo (17 de junho), às 10 horas,
mulheres e homens irão se reunir no Alagoinhas (Ponta Verde) e seguir em
direção ao Posto 7 (Jatiúca) para protestarem contra o machismo na Marcha das
Vadias. A ideia da marcha surgiu no Canadá em resposta à afirmação de um
policial que, diante de uma onda de estupros nos arredores da Universidade de
Toronto, afirmou que as mulheres evitariam ser violentadas se elas não se
vestissem como vadias (em inglês, slut).
A partir daí milhares de pessoas saíram às ruas no slutwalk (marcha das vadias, ou das vagabundas),
com a principal bandeira de combater a ideia machista e cruel de que a mulher é
responsável pelo estupro, e não o próprio estuprador.
Porque marchamos no Brasil
Figuras femininas em cargos importantes do
Estado burguês, como a presidenta do FMI, a presidenta da Alemanha e a
presidenta do Brasil, Dilma Roussef, querem propagandear que o machismo acabou
e que as mulheres podem viver sem tanta opressão. Ao mesmo tempo, no Brasil, a
cada 2 minutos, 5 mulheres são espancadas; e a cada 12 segundos, uma mulher é
estuprada. Está na mídia e no cotidiano do país piadas que humilham e
desvalorizam as mulheres, seja colocando que estupro em mulher feia é um
“favor” seja colocando que assédio sexual em meios de transporte lotados é
engraçado.
Nós do PSTU acreditamos que, seja mulher ou homem, o que de fato faz mudar a
vida da população oprimida e explorada são as medidas políticas voltadas para a
população. Para quem o atual governo está voltado? Para os trabalhadores e a
população pobre, ou para os banqueiros e grandes empresários?
Dilma já respondeu esta questão muito antes de ser eleita. A descriminalização
do aborto foi facilmente derrubada pela “carta ao povo de Deus”, onde a então
candidata trocou esta histórica bandeira do movimento feminista pelos votos da
bancada religiosa. Enquanto isso, são feitos 1,5 milhão de abortos ilegais por
ano. As complicações deles resultantes são a terceira causa de internação de
mulheres em hospitais, que em sua maioria são mulheres pobres que não tem como
pagar clínicas clandestinas.
Já no poder, o governo federal promoveu
cortes históricos do orçamento na saúde pública, na educação, no transporte
público e na moradia, questões que afetam diretamente a vida das mulheres
trabalhadoras. Em compensação, nunca a burguesia lucrou tanto quanto no governo
petista.
Em 5 anos de existência, a Lei Maria da Penha sequer pode ser cumprida por
falta de recursos. Marchamos pela efetivação e ampliação da Lei porque esta
ajudaria milhares de mulheres vítimas de violência. Mas vamos além disso.
Afirmamos que, mesmo que ela fosse completamente cumprida, o que exigiria uma
total reestruturação dos gastos públicos, o problema da violência de fato não
seria resolvido, porque o sistema capitalista, que se roga defensor das
“liberdades individuais”, aprisiona as mulheres trabalhadoras às regras do
Estado e tira delas o direito de decidir sobre a sua sexualidade, seu corpo e
sua própria vida.
Marchamos também porque Dilma prometeu que ia construir 6000 creches públicas
no país, apenas metade do necessário, e até agora só construiu 39.
Um governo das mulheres trabalhadoras não é um governo que aumenta o bolsa
família ao mesmo tempo em que permite as privatizações e a precarização do
trabalho.
Porque marchamos em Alagoas
Em 2011 morreram 142 mulheres vítimas de violência
em Alagoas, na maioria das vezes violência doméstica. Esta é a causa do maior
número de casos de internação no HGE. Ao mesmo tempo, no segundo estado
brasileiro onde mais se matam mulheres, e o primeiro onde mais se matam
homossexuais, só existem 3 delegacias da mulher, que funcionam em situação
precária, e 1 casa abrigo. A secretaria do estado da mulher (PSDB) se preocupa
com medidas superficiais, que apenas mascaram o problema do desemprego e da
violência feminina, a mesma atitude do governo federal.
Homens
e mulheres trabalhadoras na luta pelo fim da exploração e opressão
Todos sofrem com a opressão, inclusive
homens. Mas são as mulheres que se fragilizam ao ter de depender economicamente
de homens para sobreviver, ao estar sempre sujeita ao moralismo que as culpam
pela própria violência sofrida, ao se submeter a humilhação e estupro que
muitas vezes ela não tem consciência que passou.
Mulheres burguesas também são oprimidas. Mas quem de fato sofre com todas as dimensões
que a opressão pode gerar são as mulheres trabalhadoras, pois são elas que
estão nos empregos terceirizados, precarizados, nos transportes públicos
lotados, nas ruas escuras voltando para casa.
Construímos
a Marcha das Vadias porque podemos e devemos avançar na luta contra a opressão
dentro da sociedade capitalista. Mas também construímos uma organização
permanente das mulheres contra a opressão, mas também contra a exploração, pois
acreditamos que a completa supressão da opressão é uma questão de classes e só
se dará em uma sociedade socialista. Este movimento é o Movimento Mulheres em
Luta, filiado a CSP/Conlutas, que tem como objetivo organizar centralmente as
mulheres trabalhadoras, junto com as mulheres estudantes, sindicalistas e
militantes de uma forma geral em seu cotidiano, e que tem os homens trabalhadores
e socialistas como seus companheiros.
Por
isso, marchamos:
Por estabilidade do emprego;
Pela redução da jornada
de trabalho para 36 horas, sem redução dos salários e flexibilização;
Pelo
aumento do salário mínimo, rumo ao salário do DIEESE;
Pela
descriminalização do aborto;
Pela
construção de 12.000 creches públicas e de qualidade;
Por
gastos públicos voltados para a melhoria de vida da população brasileira, e não
para pagar dívidas externas que já foram pagas inúmeras vezes;
Por
um governo sob controle dos trabalhadores, livre da exploração e da opressão.
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