segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Nota do PSTU-AL sobre os recentes acontecimentos em Maceió-Al




Fatos extraordinários mudaram recentemente o cotidiano da cidade de  Maceió. Primeiro quatro ônibus queimados em diferentes regiões da cidade. Depois, um arrastão no centro de Maceió que assustou trabalhadores do comércio e consumidores que se viram em meio a um turbilhão de desespero e insegurança. A polêmica se instaurou com declarações da Associação Comercial de Maceió e do próprio Governador Teotônio Vilela de que o arrastão não passou de um “boato” construído por “Pessoas de má fé”. Contudo, é impossível negar a 
existência de quatro ônibus queimados (atitude de suposta autoria do PCC) e de um clima generalizado de medo na cidade.
A miséria Alagoana
            Ainda que o arrastão tenha sido uma mentira, hipótese pouco provável, não soa deslocado para os moradores da cidade de Maceió que vivem o cotidiano de violência desta cidade.  Trata-se do Estado com o maior número de homicídios do país, 2.226 em 2010, segundo o Mapa da Violência 2012. São 109,9 casos para cada 100 mil habitantes.
 O número de assassinatos a homossexuais é mais um indicador do quão bárbara se encontra a situação de Alagoas e revela o clima de insegurança e opressão que vive a comunidade LGBT no Estado: no ano de 2010 morreram 24 homossexuais em Alagoas segundo o IBGE, o que torna esse o Estado em que mais se mata homossexuais no país, 7,7 por milhão de habitantes.
Alagoas lidera também outros índices alarmantes. Somos o Estado com a maior taxa de analfabetismo no país, 24,6% registrados pelo Instituto de Pesquisa e economia aplicada (IPEA) em 2010, muito acima da média nacional de 9,6%. Somos também o Estado com a taxa mais alta de evasão escolar do país, 21% segundo o Ministério da Educação.  Esses valores nos levam a questionar quanto está sendo investido em educação de tudo aquilo que é arrecado pelo Governo do Estado.  Fica claro para todos aqueles que dependem das Escolas públicas que não há prioridade por parte do governo Teotônio Vilela em relação à educação pública.
Na saúde, nada bem. Segundo dados do DATASUS, em 2010 cerca de 60 mil pessoas deixaram de ser internadas no Estado. As filas imensas, o péssimo atendimento, a falta de medicamentos e ás vezes instrumentos básicos como seringas e luvas são a tônica da saúde pública em Alagoas. No meio do ano de 2011 foi anunciado um déficit de 1.300 leitos nos hospitais públicos de Alagoas.
Todo esse quadro evidencia o caos que se vive há muito tempo no Estado de Alagoas, que não se iniciou com a queima de ônibus nem com o arrastão de dias atrás. Tenha sido ele verídico ou não – e não duvidamos que tenha acontecido de fato- os dados que mostramos atestam que a população tem muito com o que se preocupar e temer. É urgente a construção de uma alternativa ao governo Teotônio Vilela (PSDB) frente ao seu nítido descaso com a população alagoana. O resultado dessa política é a segregação cada vez maior da juventude pobre de Alagoas e a formação de um cenário propício ao aumento de homicídios e da violência no Estado.
Para quem governam os nossos Governantes?
O governador de Alagoas não governa para os moradores dos bairros do Jacintinho ou do Clima Bom. Não governa para os homens e mulheres que trabalham no brutal corte de cana no interior do Estado. Não governa para as mulheres que sofrem com a violência cotidiana e com as dificuldades em dar saúde e educação para seus filhos no Estado mais miserável de nosso país. É um governo que governa única e exclusivamente para os ricos, para os usineiros, os empresários e para uma casta privilegiada que constrói suas mansões de luxo graças à exploração brutal da maior parte da sociedade alagoana. Essa não é uma exclusividade do Governo Teotônio Vilela, infelizmente. O governo de Ronaldo Lessa (apoiado por partidos como o PT e PCdoB) pouco fez para mudar esse quadro. Na verdade, foi mais um governo a seguir a lógica de privilegiar os privilegiados e pisotear os desfavorecidos, mantendo acordos com usineiros, isenção de impostos, etc.
A única forma de mudar essa situação de violência no nosso Estado é se investindo mais verbas na educação pública, na saúde pública, construindo mais possibilidades de lazer para a juventude miserável e melhorando essa situação de penúria a que todos estamos submetidos. Queremos alertar aos alagoanos e alagoanas, no entanto, que Teotônio Vilela será incapaz de realizar um investimento em saúde e educação capaz de alterar esse quadro de maneira qualitativa. Ronaldo Lessa tampouco seria capaz de realizar essa mudança estrutural. Isso se deve ao fato de que a lógica econômica desses governos não está voltada para a população. Trata-se de um projeto político-econômico compartilhado por todos esses governantes, um projeto político que torna impossível qualquer melhora qualitativa na vida da população. Um projeto que precisa ser duramente combatido pelos trabalhadores, nas ruas. Enquanto isso, uma juventude marginalizada não se encontra em outra solução a não ser tornar-se mão de obra barata para o tráfico. Somente se organizando politicamente em nossas escolas, bairros e locais de trabalho poderemos melhorar qualitativamente as nossas vidas..
O aumento do número de policiais é a solução?
A idéia de que aumentar o número de policiais e prender mais pessoas reduziria o problema em nossa opinião é falsa. Aumentar o número de prisões ou simplesmente prender mais pessoas, tampouco. Nosso país tem um sistema penitenciário completamente falido, com a segunda maior população carcerária da América Latina, 400 mil detentos. Prender não é a solução, pois a miséria e o baixo investimento em educação e saúde pública seguem sendo os mesmos. A polícia de nosso Estado, apesar de abrigar em seu interior muitos trabalhadores honestos, também não passa nenhuma confiança para a população, especialmente para a juventude negra e pobre das periferias. Para que de fato consigamos construir uma política de segurança efetiva será necessário acabar com a estrutura das atuais polícias civis e militares e construir uma nova polícia com seus dirigentes eleitos pela própria população.  Será uma polícia controlada pelos trabalhadores e organizada pelos próprios trabalhadores.

Para acabar com a violência em Alagoas, mais investimento em saúde  e educação!

 Nenhuma confiança no governo!

Pela dissolução da atual polícia e construção de uma polícia controlada pela população!


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