domingo, 23 de outubro de 2011

Nota da Juventude do PSTU sobre as eleições do DCE-UFAL



Encerrou-se recentemente o processo de eleição da nova diretoria do DCE-UFAL. O que era para ser um espaço de disputa e de apresentação de idéias se mostrou como a eleição de DCE mais conturbada e anti-democrática da história do movimento estudantil da UFAL. Nosso objetivo nessa nota é colocar em destaque a opinião de nossa organização e esclarecer à base sobre as confusas análises que estão se dando após esse processo.

A responsabilidade do Movimento Correnteza
É preciso em primeiro lugar pontuar muito bem de que marco partimos para esta eleição de DCE. O movimento Correnteza está há um ano a frente da entidade e tem sua gestão marcada por práticas anti-democráticas e muitas vezes claramente oportunistas. As reuniões do DCE funcionavam como mera formalidade, tudo era aprovado por fora da entidade. Atos eram marcados por fora das reuniões e dos espaços legítimos de deliberação do movimento, o jornal do DCE era restrito apenas aos diretores ligados ao movimento correnteza e o próprio nome da gestão, “correnteza”, foi imposto por cima do movimento sem se discutir com os demais diretores que construíam a entidade. Isto apenas para ficar em alguns poucos exemplos.
Durante o processo eleitoral deram continuidade a essa forma anti-democrática de gerir o movimento e, utilizando-se do fato de serem maioria na comissão eleitoral, recusaram-se a suspender o processo  quando os professores deflagraram greve. A data, que havia sido tirada em CEB de forma consensual com 3 meses de antecedência havia se tornado inviável com o deflagrar de uma greve dos professores. Todo o movimento, tanto os setores que apoiavam ou que eram contra a greve, suspenderam suas campanhas e se voltaram para debater com os estudantes o que estava acontecendo na universidade. Todo esse movimento foi então pego de surpresa quando, ao retornar às aulas o movimento correnteza decidiu por não adiar as eleições e manter o mesmo calendário planejado para um período muito anterior a paralisação. Na prática, isso significou apenas uma semana de campanha. Apenas uma semana de campanha para as chapas percorrerem todos os campi da universidade e debater suas propostas! O movimento correnteza, repetimos, maioria absoluta na comissão eleitoral e portanto diretamente responsável pelas atitudes tomadas nesta, repetiu a atitude da reitoria da universidade quando das eleições para reitor e impôs ao movimento um período de campanha extremamente curto. Período este que apenas os favorecia como situação.

O resultado das eleições e a questão do quorum
O saldo final da eleição foi de 4.991 votantes e uma folgada vitória para a chapa 3 “correnteza – Quem espera Nunca Alcança”.  Esse resultado, porém, seria o iniciar de uma nova polêmica. Conforme o Estatuto do DCE, o quorum mínimo a ser atingido é 30% do número de estudantes, o que equivaleria a 5.051 alunos. Ou seja, por sessenta votos o quórum mínimo não foi atendido.
A polêmica instaurou-se a partir daí em torno ao fato de que as eleições deveriam ser validadas ou não. Nós do PSTU juntamente com a chapa “outra ufal é possível” em um primeiro momento achamos que não deveríamos flexibilizar esse quorum, levando em conta que ele foi produto de uma eleição de DCE atribulada que se deu em praticamente uma semana. No entanto, após refletirmos de forma mais acalmada sobre a situação tomamos a postura de legitimar sim a gestão. Os motivos para isso eram muito claros. Em primeiro lugar, havia o fato de que Delmiro Gouvea estava sem aulas por conta da mobilização pela construção imediata do campus Sertão. Em segundo lugar, havia o fato de que os alunos matriculados mas que não estavam pagando matérias, estavam apenas concluindo o TCC,  não deveriam contar para efeito de quórum, o que reduziria novamente o número de votantes e garantiria o quórum da eleição.
Essa é uma discussão que trazemos apenas no intuito de mostrar tecnicamente o que aconteceu. Na prática, ela não é o mais importante. O que é preciso entender é que o Estatuto do DCE é um elemento muito importante, é um documento que regula os passos do movimento e de sua maior entidade representativa. Agora, ele não pode ser um gesso ao movimento nem tampouco pode estar acima de qualquer realidade ou situação inesperada. Isso significa dizer que o movimento tem autonomia para resolver as polêmicas que muitas vezes se apresentam das múltiplas interpretações de leitura do estatuto. Isso também implica em dizer que 60 votos não são 6.000 votos; que quando uma eleição não dá quorum é uma completa desmoralização para o movimento estudantil e não foi isso que aconteceu, foram apenas 60 votos, considerando como já afirmamos acima a questão do campus paralisado e dos alunos do TCC.
É sempre melhor para o movimento que tenha uma gestão eleita a frente da entidade, fortalecendo-a e mantendo-a viva ano após ano renovando democraticamente suas representações, do que comissões gestoras ou outros formatos que só engessam de maneira burocrática o movimento estudantil.
Por esses motivos expostos acima, nós do PSTU deliberamos que aceitamos o processo eleitoral e entendemos que éramos inclusive parte dessa gestão, pois a chapa que fizemos parte durante o processo, a “outra ufal é possível” teria direito a 11 cargos dentro da nova gestão do DCE.

A oposição à correnteza
Apesar de termos pontuado a forma anti-democrática com que a correnteza conduz o DCE e a maior parte das entidades que dirige, não achamos que esse seja o maior problema desse movimento. Para além disso, temos profundas divergências políticas com esse grupo. Para ficar em apenas um exemplo, lembremos que foram os diretores ligados ao movimento Correnteza que no primeiro turno das eleições presidenciais saíram em apoio ao Governo Dilma e tensionaram para que o DCE apoiasse à candidatura do PT/PC do B. Na prática, o movimento Correnteza apoiou a candidatura da atual responsável pela privatização dos correios, pelo novo código florestal, pelo corte de 50 bilhões no orçamento público e mais uma série de outros ataques. Esse é o papel que cumpre o movimento correnteza no movimento estudantil.  Por isso, nós da juventude do PSTU achamos que é preciso impulsionar desde já uma forte oposição ao movimento correnteza, entendendo que vários estudantes ainda acreditam que essa gestão irá os representar nas lutas e estará ao lado deles.
Nós precisamos estar preparados para dizer que não, o movimento correnteza não irá representar aqueles estudantes que depositaram sua confiança e não estará ao lado deles. Precisamos estar preparados para disputar programaticamente com a correnteza, mas entendendo que hoje ainda muitos estudantes têm referência nesse grupo político.

A responsabilidade do Além do Mito
Findado todo esse processo, vemos circular na internet uma nota do Grupo Além do Mito repudiando a nossa postura, nos acusando de “traidores”. É curioso notar que esse é o segundo texto lançado em menos de um ano pelo Grupo Além do Mito atacando diretamente o PSTU enquanto nada foi produzido contra o governo e as correntes governistas (PT, UJS...) ou contra o próprio PCR que o Além do Mito alega combater.
Existem três pontos a se deter nessa nota, que tentaremos rebater aqui da forma mais breve possível, embora deixemos claro desde já que estamos abertos a discussão com os companheiros sobre essa polêmica.
Em primeiro lugar, nos acusam de traidores. Ora, de fato perdemos uma disputa na chapa, fomos derrotados em nossa posição de legitimar a gestão e pegar os cargos e acatamos a essa decisão. Agora, acatamos em dissidência. Como qualquer organização política, temos a ampla liberdade democrática de esclarecer nossa posição e foi o que fizemos em CEB.  Falamos enquanto PSTU e não enquanto chapa “outra ufal é possível” pelo simples fato de que temos esse direito e seria extremamente anti-democrático que qualquer frente ou organização nos impedisse de mostrar qual era a posição de nosso partido.  Repetimos, tanto respeitamos a deliberação da chapa que não pegamos nenhum cargo e aceitamos a tragédia que foi ver os cargos serem distribuídos entre a UJS e a UJR.
Em segundo lugar, não deixamos com isso de combater ou fazer oposição ao PCR na universidade. Acreditamos que essa é na verdade a melhor tática para se enfrentar com a gestão do PCR. Respeitando a vontade dos estudantes que votaram na chapa 3 e se propondo a dialogar com esses estudantes para mostrar o verdadeiro caráter do PCR e formando uma sólida oposição que se faça presente em cada espaço promovido pelo DCE com um programa alternativo de esquerda que faça frente ao da atual gestão.
Em terceiro lugar, lamentamos o tom baixo que vem sendo reproduzido por vários militantes do Além do Mito nas críticas ao PSTU. Xingamentos, difamações claras e outras práticas que pouco tem haver com a história do grupo. Além disso, lamentamos também a própria atuação do grupo no CEB, com direito a troca de empurrões, xingamentos e muita gritaria antes da retirada de vários centros acadêmicos em que o grupo atua.
Ao contrário dos companheiros do ADM, nós do PSTU achamos que estamos diante de uma divergência tática que pode e deve ser resolvida e estamos abertos ao diálogo. Achamos inclusive que a melhor forma de realizar esse diálogo é por meio de ações concretas e por isso lamentamos a ausência dos companheiros no ato mundial 15-O.  Seguiremos chamando os companheiros para ações de unidade como a parada Gay do dia 13 de Novembro e a campanha dos 10% do PIB Já em Maceió.

O que oferecer aos estudantes?
É preciso ter bem clara a resposta para esta pergunta. Cada organização deve saber bem o que irá formular e concretizar daqui para frente para ganhar a consciência e que consciência quer ganhar. Devemos rejeitar categoricamente o método da picuinha e da despolitização praticado por correntes como a UJS e o MEPR e igualmente rejeitar o apartidarismo e a aversão a partidos, métodos que são extremamente deseducativos para a nova vanguarda que surge na UFAL.
O que nós do PSTU estamos oferecendo, junto com estudantes independentes de vários cursos, é a construção de uma nova entidade estudantil, a ANEL, alicerçada nas lutas da juventude e da classe trabalhadora de nosso país e através do mais esforçado trabalho de base. O que pretendemos é lutar por 10% do PIB já para a educação pública no nosso país e lutar contra o machismo, o racismo e homofobia na sociedade.
Esperaremos para ver o que terá essa nova gestão do DCE a oferecer aos estudantes da UFAL e o que terá a oferecer o grupo Além do Mito desde já deixando claro que estamos dispostos a dialogar com ambos naquilo que enxergarmos de progressista e de interesse dos estudantes.

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