quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

VIOLÊNCIA NO CAMPO MARCA INÍCIO DE 2011 EM ALAGOAS

Governo Téo (PSDB) ataca sem-terra em Alagoas

Em Alagoas, o mês de janeiro foi marcado pelo aumento da violência policial no campo, oriunda de mandados de reintegração de posse em áreas ocupadas por famílias de trabalhadores rurais sem-terra.

Segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o governo de Alagoas junto com poder judiciário desalojou 123 famílias, destruindo dezenas de moradias e hectares de alimentos plantados pelos trabalhadores sem-terra. A violência usada durante o cumprimento desses mandados tem sido assustadora. O uso do Bope contra um pequeno número de famílias virou uma constante, mostrando o caráter autoritário do governo estadual e a complacência do judiciário junto ao poder das oligarquias locais.

Uma história de violência

O Estado alagoano se formou enquanto síntese do poder oligárquico sucroalcooleiro, o que em parte substancial explica seu caráter burocrático no que se refere ao funcionamento das instituições; atrasado e dependente, quando analisamos a dinâmica de sua economia; conservador e autoritário, em sua esfera política.

A postura retrógrada dos governos brasileiros ao longo da história, comprometidos com os grandes latifundiários e com a as multinacionais, evidencia incapacidade destes governos, inclusive Dilma, de desenvolver uma política de reforma agrária e deixa clara que esta tarefa está nas mãos da classe trabalhadora.

O governo Lula, que aparentemente se colocava ao lado da reforma agrária e que numa entrevista a revista Carta Capital se comprometeu em fazer a reforma em uma canetada só, apoiou como nunca o agronegócio. Prioriza uma política agrícola de produção para a exportação, tendo como base o latifúndio, o que logicamente eleva o preço dos alimentos no mercado interno e insere o país de forma subalterna no mercado internacional, ficando a mercê das oscilações dos preços das commodities nas bolsas internacionais.

A luta pela terra tende a se agravar, tendo em vista que o Brasil se encontra na rota de investimento das grandes empresas transnacionais. Estima-se que 4,3 milhões de hectares em todo país esteja na mão de estrangeiros. Segundo o Agrônomo e Cientista Social Horacio Martins de Carvalho, “o Brasil é o país que possui o maior estoque de terras agricultáveis, um clima favorável à produção agrícola e governos entreguistas. Essa conjugação de fatores tem facilitado a aquisição de terras por estrangeiros e contribuído decisivamente para a negação da soberania alimentar e a nacional, submetendo os destinos do país às estratégias de negócios das grandes empresas nacionais e transnacionais”.

Nós do PSTU reafirmamos o nosso apoio e nossa solidariedade a todos os trabalhadores rurais sem-terra do estado de Alagoas e nos colocamos a disposição da luta pela reforma agrária, contra o latifúndio e seus aliados, Téo Vilela e Dilma Russeff. Acreditamos que o êxito dessas lutas depende principalmente da unidade da classe trabalhadora em torno de um programa político revolucionário e socialista.


José Humberto Silva Filho, de Maceió (AL)


MOBILIZAÇÃO
No dia 10 de fevereiro ocorreu um ato contra os ataques do governo Téo na praça da faculdade, centro de Maceió. Nesta mobilização, mais de um movimento do campo se fez presente (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST, Comissão Pastoral da Terra – CPT, Movimento Terra, Trabalho e Liberdade – MTL e Movimento de Libertação dos Sem Terra – MLST)  e da concentração do centro, houve uma caminhada até o Porto da capital alagoana. Lá os manifestantes paralizaram caminhões de açúcar e protestaram neste contraditório espaço de Cruzeiros turísticos contra a onda violenta de opressão dos movimentos sociais que vem se configurando após as eleições de outubro de 2010.


 DADOS IMPORTANTES DOS ÚLTIMOS ACONTECIMENTOS

- Desde os primeiros dias de 2011, o Governo de Alagoas e a Vara Agrária já despejaram 123 famílias ligadas a Comissão Pastoral da Terra (CPT-AL) e destruíram 63 hectares de alimentos, no estado de Alagoas onde cerca de 56% da população vivem na mais extrema pobreza.  
- As reintegrações no estado de Alagoas, são marcadas pela violência, agressões aos produtores rurais, destruição de roçados, queima de barracas e são permeadas por uma campanha midiática de criminalização dos movimentos sociais.
- Desde o fim do ano passado e início de 2011, mais de 550 famílias (em dez acampamentos, contabilizando dados somente do MST) foram atingidas pela ação truculenta do Estado, nas figuras do poder judiciário e da polícia militar.
- Na audiência realizada na última sexta-feira (11.02) no Tribunal de Justiça em Maceió, que contou com a participação dos movmentos: CPT, MST, MLST e MTL, representantes do governo estadual e ausência do representante do INCRA; o Presidente e Desembargador Sebastião Costa determinou que o Juiz Agrário Aryton Tenório suspendesse as reintegrações de posse nos próximos 90 dias, diante dos transtornos graves que podem trazer ao Estado e a sociedade, além disso, cada caso deverá ser analisado separadamente.
 Fontes: CPT-AL, MST.

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