quarta-feira, 15 de junho de 2011

Nota de balanço do PSTU sobre as eleições para reitor da UFAL


Os 22 Dias que Abalaram a UFAL

            Queremos primeiramente parabenizar todo o ativismo que construiu a chapa 1, Valéria Reitora e Ricardo Cabús Vice. Os que colaram cartazes, seguraram bandeiras, passaram em sala, distribuíram panfletos, os que foram perseguidos coagidos pela chapa 3 e não puderam nem sequer declarar seu voto publicamente. Todos vocês são responsáveis pela grande vitória política que obtivemos nestas eleições. Os mais de 30% dos votos foram muito significativos frente ao tamanho do aparato e dos métodos de coação e assédio moral operados pela atual gestão da Universidade.
            Foram 22 dias históricos que provaram que aquele projeto que se julgava hegemônico na verdade encontra muita crítica no interior da comunidade acadêmica. Crítica esta que sempre existiu, mas que foi sistematicamente perseguida e criminalizada durante 8 anos por aqueles que se arvoram “donos da UFAL”. Foram processos contra estudantes e retirada de direitos que atacaram a liberdade organizativa da comunidade acadêmica em prol da imposição a fórceps do projeto do Governo Lula/Usineiros de destruição dos pilares da Universidade Pública. Choveram projetos como o Reuni, Sinaes/Enade, Novo Enem, que foram apresentados como a salvação da Universidade, mas que se revelaram exatamente o oposto. Além da manutenção de medidas do Governo FHC, que resultaram na falta de contratação de professores e precarização do trabalho de docentes e técnicos. E o descontetamento à estes projetos foi expresso nas urnas dos campus da interiorização.
            Achamos que esta vitória política foi um primeiro passo, mostrou que é possível pensar diferente. Por isso não podemos parar por aqui, a verdadeira luta começa agora. Precisamos construir no cotidiano uma oposição viva à gestão da UFAL, para que possamos enfrentar os novos ataques que virão. Vem aí o Novo PNE, a MP520, a Nova Reforma da Previdência do Governo Dilma, e diversos outros ataques que não serão diferentes dos anteriores. Desde já nós do PSTU nos somamos às fileiras destas lutas, e convocamos todos e todas a mostrar no cotidiano das lutas que Outra UFAL é Possível.

Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado - Alagoas

segunda-feira, 13 de junho de 2011

NOTA DO PSTU À SOCIEDADE ALAGOANA

PELA SEGURANÇA E A VIDA DOS TRABALHADORES DA BRASKEM E DAS COMUNIDADES

O vazamento de cloro acontecido na Braskem nos dias 21 e 23 de maio mostra, uma vez mais, o desrespeito dessa empresa para com a vida humana e o meio ambiente. No Pontal da Barra, 175 pessoas foram atingidas. Entre os trabalhadores, seis terceirizados da empresa Mills, contratada da Braskem, precisaram de atendimento hospitalar. Um deles teve uma das pernas bastante mutilada, outro teve o pulmão perfurado. Eles se encontram em estado grave e tiveram que ser transferidos para o hospital Albert Einstein, em São Paulo.

Entre os trabalhadores da Braskem, os terceirizados são sempre os mais atingidos. Como é possível perceber nos ambientes de trabalho, esta categoria vem crescendo cada vez mais. A terceirização é uma maneira de diminuir os direitos, forçar o ritmo e o aumento da jornada de trabalho e rebaixar salários. A política dos governos permite que empresas como a Braskem/Odebrecht tenha essa atitude de total desrespeito e afronta à classe trabalhadora. Trata-se de uma tática dos governos neoliberais de garantir maior lucratividade para os patrões, intensificando a exploração da classe.

Infelizmente, esse é apenas mais um dentre os inúmeros acidentes graves ocorridos na Braskem. Nos governos mais recentes, FHC (PSDB), LULA e Dilma (PT), o grupo Odebrecht é uma das empresas que mais tem lucrado. Porém, os investimentos em intervenções de manutenção preventiva vem diminuindo. Não vemos este crescimento na segurança de trabalho, nos direitos e nem na folha de pagamento. Ou seja: as explosões poderiam ter sido evitadas.

Os lucros das 500 maiores empresas do Brasil tiveram uma média de US$ 10,7 bilhões ao ano durante o segundo mandato de FHC e de US$ 41,7 bilhões no primeiro mandato do governo Lula, representando um crescimento de 290%, crescimento que se manteve no segundo mandato, apesar da crise internacional.

Um fato que explica como a política desses governos atinge os trabalhadores é o que está acontecendo com os bombeiros do Rio de Janeiro, que foram criminalizados por estarem defendo seus direitos. Eles lutam por melhores condições de trabalho, aumento decente dos salários, pagamento de vale transporte e a não punição dos dirigentes das manifestações e de qualquer lutador da categoria. A solidariedade de classe é uma arma de resistência dos trabalhadores contra os governos subordinados aos patrões, precisamos de unidade para combater a criminalização do conjunto dos movimentos sociais. No último dia 09, a FNP (Federação Nacional dos Petroleiros) se vestiu de vermelho e organizou o Dia Nacional de Manifestação de apoio à luta dos Bombeiros, chamando todos os trabalhadores.

Este é um momento que exige a mobilização dos trabalhadores da Braskem, e da classe trabalhadora alagoana em conjunto! É preciso que a Braskem atenda a pauta de reivindicações dos trabalhadores:

1– Estabilidade de emprego para todos;

2– Admissão imediata de todos os trabalhadores terceirizados;

3– Readmitir os dirigentes sindicais do antigo SINDIQUÍMICA/AL e /ou do atual SINDIPETRO AL/SE, demitidos por perseguição política;

4– Redução da jornada de trabalho para seis horas diárias, para os trabalhadores de turno de revezamento e em horário administrativo;

5– A Braskem deve apresentar o relatório mensal das condições de segurança, relacionadas às condições de produção aos trabalhadores efetivos e terceirizados, às populações dos bairros do Pontal da Barra, Trapiche da Barra e Vergel do Lago, ao SINDIPETRO AL/SE bem como ao Ministério do Trabalho, Justiça do Trabalho (MPT/PRT), Justiça Federal e órgãos responsáveis pelo meio-ambiente. É necessário que as instituições referentes ao meio ambiente exijam da Braskem medidas para um funcionamento seguro;

6– Em relação às comunidades circunvizinhas (principalmente, Pontal e Trapiche da Barra), é preciso melhorar o sistema de alarme, que têm sinalizado com atraso e também os pontos de evacuação, com ambulâncias equipadas para atender os atingidos.

Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado - Regional Alagoas

domingo, 12 de junho de 2011

Artigo: "Drogas: muito além da hipocrisia"

Como políticas oficiais, proíbem algumas substâncias, mas estimulam consumo irresponsável de centenas. Por que é preciso fazer exatamente o contrário

HENRIQUE CARNEIRO
professor do Departamento de História da USP e membro do Conselho Editorial da Revista Outubro


 
Uma política sobre drogas deve abranger os três circuitos de circulação das substâncias psicoativas existentes na sociedade contemporânea: o das substâncias ilícitas, o das lícitas de uso recreacional e o das lícitas de uso terapêutico.

A divisão estrita entre estes três campos é recente e sempre vem se alterando. O álcool já foi remédio, tornou-se droga proibida e voltou a ser substância de uso lícito controlado. Outras, como os derivados da Cannabis, que por milênios fizeram parte de inúmeras farmacopéias, foram objeto de uma proscrição oficial no século 20, a ponto de a ONU querer “erradicar” essa planta – assim como outras, tais como a coca e a papoula, produtora de ópio. Hoje, entretanto, a Cannabis tem uso medicinal reconhecido em muitos estados norte-americanos e em outros países.

Qual a fronteira conceitual estrita que separa essas drogas? LSD, DMT [1] ou MDMA [2] não possuem usos terapêuticos? O que é recreacional e o que é terapêutico? Esse último campo deve estar submetido apenas a monopólios de especialistas ou deve também abranger um amplo uso de técnicas de auto-cura?

Pretendo, neste texto, defender um regime mais “equalizador” em relação aos três tipos de substâncias mencionadas. Ao mesmo tempo que antiproibicionista, ele deve ser mais severo no que diz respeito à interdição da publicidade e à facilidade do acesso. Como “substâncias essenciais” [3] as drogas psicoativas não devem estar ligadas a emprendimentos que estimulem continuamente o consumo na busca dos lucros crescentes que decorrem do interesse privado. Defendo assim, a criação de um “fundo social” constituído com o faturamento de um mercado legalizado e estatizado de produção de drogas psicoativas em geral — tanto as hoje ilícitas como as legais.


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